Um dos envolvidos na ação que resultou na morte do sargento da Polícia Militar Roger Dias da Cunha será julgado pelo Tribunal do Júri nesta quinta-feira (12), em Belo Horizonte. O réu, que está preso, vai responder por cinco tentativas de homicídio, sendo quatro contra policiais militares e uma contra um motociclista atingido durante a fuga. O processo foi desmembrado do caso que envolve Welbert de Souza Fagundes, autor dos disparos que mataram o sargento Roger e que já foi denunciado por homicídio qualificado.

O julgamento ocorre no Fórum Lafayette e diz respeito à atuação do réu na perseguição policial registrada no dia 5 de janeiro de 2024, no bairro Aarão Reis, na região Norte da capital mineira. Segundo a denúncia do Ministério Público, ele dirigia um Fiat Uno durante a fuga e, ao tentar escapar da abordagem da Polícia Militar, colidiu em alta velocidade com uma motocicleta conduzida por um civil, que sofreu ferimentos graves. Depois, ainda teria efetuado disparos de arma de fogo contra quatro policiais.

Conforme a investigação, o réu e Welbert estavam em um veículo suspeito de envolvimento em um roubo, quando foram localizados por guarnições da PM na avenida Risoleta Neves. Após desobedecerem à ordem de parada, iniciou-se uma perseguição. Na fuga, o carro atingiu o motociclista, que foi lançado sobre o capô do veículo. Ainda assim, o condutor não parou e continuou dirigindo até colidir com um poste.

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Ambos fugiram a pé. Momentos depois, Welbert foi localizado e abordado por uma equipe policial liderada pelo sargento Roger Dias. No momento da abordagem, o autor sacou uma arma escondida na roupa e disparou contra o militar, que foi atingido na cabeça e morreu após ser socorrido. Welbert também atirou contra outro policial, mas não o acertou. Ele acabou baleado e preso em flagrante.

Enquanto isso, o outro envolvido conseguiu se esconder em uma laje de comércio na rua Detetive Eduardo Fernandes. Quando notou a aproximação dos policiais, teria atirado contra quatro agentes da PM. Ninguém foi ferido. O réu foi localizado em seguida e também encaminhado ao hospital com ferimentos.

A acusação contra ele inclui quatro tentativas de homicídio qualificadas, por ter atirado contra policiais para assegurar a impunidade de outro crime, e uma tentativa de homicídio simples, por ter atingido o motociclista durante a fuga. O Ministério Público ainda destaca o uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas.

Já o processo contra Welbert de Souza Fagundes, responsável pelos disparos que mataram o sargento Roger, foi desmembrado e segue em trâmite separado.

Relembre o caso

A morte do sargento Roger Dias teve grande repercussão no Brasil. Ele foi baleado à queima-roupa, aos 29 anos, durante uma perseguição a dois suspeitos, na noite de uma sexta-feira (5 de janeiro), no bairro Novo Aarão Reis, na região Norte de Belo Horizonte. Vídeos de câmeras de segurança flagraram o momento em que o agente é atingido na cabeça.

Segundo informações da PM, guarnições do 13º Batalhão perseguiam um carro na avenida Risoleta Neves, quando o motorista teria perdido o controle da direção e batido contra um poste. Após o acidente, os suspeitos desceram do carro e continuaram a fuga a pé.

Um deles foi alcançado pelo sargento. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o militar se aproxima do suspeito e dá ordem de parada, mas é surpreendido pelo criminoso, que saca uma arma e atira à queima-roupa contra o policial. Ele estava foragido da prisão após "saidinha" de Natal, o que motivou uma discussão sobre o benefício em nível nacional.

O vídeo mostra que o agente cai na sequência. Em seguida, militares chegaram ao local e socorreram o colega, que chegou a ser levado ao Hospital João XXIII, na região Centro-Sul da capital. Mas, dois dias depois, teve a morte cerebral confirmada. O militar doou os órgãos.