O nível de endividamento das famílias de Belo Horizonte caiu pelo quinto mês consecutivo em maio, conforme pesquisa divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio MG). O cenário, inclusive, é avaliado como uma tendência que deve se manter para os próximos meses na capital. 

A avaliação é da economista da entidade, Gabriela Martins. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), o nível de endividamento das famílias de Belo Horizonte em maio caiu 0,5 ponto percentual em relação a abril, chegando a 86,4%.  O total de consumidores com contas em atraso no mês ado ficou em 52% com oscilação positiva de 0,1% ponto percentual, o que representa estabilidade na comparação com abril.

O total de famílias que não terão condições de quitar as dívidas no mês seguinte caiu de 23,8% para 21,3%. Já as famílias superendividadas, condição que atinge aquelas com mais de 50% da renda comprometida com compromissos financeiros, caiu de 27,6% em abril para 24,8% em maio, conforme o levantamento. Em BH, 40,9% dos consumidores item que não terão condições de pagar as dívidas atrasadas no mês seguinte. Em abril, o percentual assinalado era de 45,8%.

“A gente já pode avaliar como uma tendência. Esse cenário está sendo mantido desde o início do ano, então já estamos com uma perspectiva muito boa”, argumentou Gabriela Martins.  A economista avaliou que a queda se destaca por ter iniciado a partir de janeiro, quando o esperado é um aumento no endividamento das famílias em função dos gastos habituais de início do ano. 

O resultado também tem relação com a estabilidade no mercado de trabalho. “E a gente viu que mesmo desde janeiro, o nível de endividamento em Belo Horizonte têm caído ali mês a mês. E essa tendência vai se manter ao longo dos meses. Hoje as famílias estão tendo, boa parte delas, um ganho real de renda e isso é muito importante”, detalhou a economista. 

O Brasil fechou o primeiro trimestre de 2025 com taxa de desocupação de 7%. O índice fica acima do registrado no trimestre anterior, encerrado em dezembro (6,2%), no entanto, é o menor para os meses de janeiro a março em toda a série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 2012.

Em 2024, o rendimento médio de todas as fontes dos brasileiros foi de R$ 3.057, segundo o IBGE. O valor é o maior já registrado em toda série histórica, superando o recorde de 2014. “Com renda disponível, as famílias têm a capacidade de fazer suas compras à vista, o que gera impacto no nível de endividamento, e também tem a possibilidade de fazer o pagamento das compras já existentes. O mercado de trabalho aquecido acaba também sendo muito atrelado à renda, quanto mais o mercado de trabalho está aquecido, mais o salário tende a aumentar”, completou. 

Pesquisa 

A pesquisa da Fecomércio mostrou que quando consultados individualmente, 45,4% dos consumidores de Belo Horizonte informam que estão pouco endividados, sendo que o número de muito endividados recuou de 17,9% para 13,4% de um mês para outro. As dívidas mencionadas referem-se a cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimo pessoal, prestações de carros e seguros.

Até mesmo o endividamento no cartão de crédito, que sempre lidera os compromissos financeiros, teve recuo entre as famílias da capital, saindo de 95,6% em abril para 94,2% em maio. Entre as famílias que ganham até 10 salários-mínimos, caiu de 95,0% para 93,7% e acima dessa faixa de renda, de 99,6% para 97,0%. Em maio, as dívidas no carnê também caíram nos dois grupos de famílias, nas de renda menor, de 33,6% para 30,2% e, entre aquelas com renda acima de 10 mínimos, de 19,9% para 19%.

Entre as famílias com contas pendentes em maio, 44,5% afirmam que essas contas ultraam 90 dias. A pesquisa também mostra que as dívidas estão atrasadas, em média, há 61,8 dias. O período de endividamento é igual ou superior a 90 dias para 78,2% das famílias e o tempo médio de comprometimento de renda é de 7,7 meses, era de 7,9 meses em abril.