BRASÍLIA – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), expediu um mandado de prisão contra o tenente-coronel Mauro Cid, mas revogou a decisão, substituindo-a por mandado de busca e apreensão, cumprindo pela Polícia Federal (PF) na manhã desta sexta-feira (13), em Brasília.
Apesar da revogação da prisão, o militar foi levado para a sede da PF, para prestar um novo depoimento. Ele será questionado em investigação que mira o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, que teria atuado para obter a expedição de um aporte português para Cid fugir do Brasil.
Na manhã desta sexta, mas em Recife (PE), agentes prenderam Gilson Machado, ministro do governo de Jair Bolsonaro. Gilson é suspeito de integrar um plano de fuga de Cid, delator da suposta trama golpista. O militar é réu na ação penal do STF que também mira Bolsonaro e outros aliados.
Na terça-feira (10), a PF pediu a abertura de uma investigação de Gilson Machado, sob suspeita de ter agido para tentar obter um aporte português para Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O objetivo da ação seria facilitar uma eventual saída de Cid do país.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou favorável ao início da apuração contra Gilson Machado. PF diz haver indícios que o ex-ministro foi em maio ao Consulado de Portugal em Recife, onde mora, para viabilizar o aporte a Cid, mas sem sucesso.
No entanto, a PF apontou a possibilidade de ele procurar outros consulados ou mesmo a Embaixada portuguesa, em Brasília, com o mesmo objetivo.
Segundo a PGR, há "elementos sugestivos" de que o ex-ministro tenha atuado para "obstruir a instrução” da ação penal que investiga se Cid, Bolsonaro e outros tentaram aplicar um golpe de Estado no país, além de outras investigações, como o caso das joias.
"Possivelmente para viabilizar a evasão do país do réu MAURO CESAR BARBOSA CID, com o objetivo de se furtar à aplicação da lei penal, tendo em vista a proximidade do encerramento da instrução processual", completa a PGR.
Machado nega que tenha tentar obter o documento para Cid e diz que procurou o consulado para tratar do aporte de seu pai. Ele se diz “surpreso” com o pedido de investigação.
Gilson Machado foi ministro do Turismo de 2020 a 2022. Era um auxiliar próximo de Bolsonaro e se tornou conhecido também por tocar sanfona nas lives semanais do então presidente.